Oi, eu sou Clarice Blankenburg, psicóloga e esse é o segundo vídeo de quatro voltados para a vida e os papéis femininos nessa nossa sociedade malucona.

Hoje a nossa conversa é sobre o lugar de cuidadora que “de vez em sempre” cai no nosso colo. Muito da nossa história como seres humanos até aqui contribuiu para a construção do pensamento de que as mulheres são cuidadoras instintivamente. Faz sentido. Os Homens, por terem uma… força física maior, eles ficaram com a caça, com o trabalho pesado. E as mulheres ficaram em casa cuidando dos filhotes, que de fato são muito frágeis. E foram aperfeiçoando, com o tempo, essas habilidades mais finas. A atenção, a responsabilidade a organização, multitarefas. Enfim. Hoje em dia existem ainda muitas mulheres que se identificam com esse perfil. Que têm essas habilidades. Que gostam e escolhem essas lugares e papéis. A questão é que… nem todas as mulheres são assim. Essas características, elas não são exclusividade feminina. Elas não humanas, apenas. Gente, existe muito sofrimento em colocar uma mulher no lugar de cuidadora por ela ser mulher. E antes que talvez você questione: “Ah, será que é assim mesmo”. Para e pensa. Eu tenho certeza que você conhece uma família em que o filho que ficou cuidando dos pais no final da vida foi uma mulher.

Esse é um costume que nem é raro, muito menos, sutíl. Se essa mulher for solteira então. E gente. De novo. Se essa mulher hipotética. Essa filha que eu tô falando aqui. Ela se identifica com esse papel. Ela escolher, por livre e espontânea vontade esse papel. Show. Beleza, tá tudo certo. Mas eu preciso lembrar, inclusive pra ela, que esse lugar, essa responsabilidade de cuidar dos pais, é de todos os filhos igualmente. Independente de gênero, estado civíl, condições financeiras. Toda família e grupo deveria se ajustar e escolher essas funções de acordo com as personalidades, com as habilidades, com a disponibilidade. Não pelo gênero. Saindo do lugar de filhos e indo para as funções de pais. É outro lugar que existe uma rigidez muito grande do qual é o papel de cada um. E o cuidado fica majoritariamente com a mulher. Antes de eu entrar no cuidado, em si, eu preciso lembrar aqui que é direito de qualquer mulher não querer ter filhos. Ela não vai ser menos mulher. Ela não vai ficar com um buraco na vida dela. Ela não tem esse desejo. Não faz sentido pra ela e tudo bem. Talvez eu tenha que voltar aqui em outro momento pra me aprofundar mais nisso. Mas, continuando: Cuidado mat… materno? A gente já não devia usar essa palavra, né? Devia ser cuidado… parental. Só quem tem peito com leite é a mulher? Só quem tem peito com leite é a mulher (Mas dá pra tirar o leite). E acaba aí a exclusividade.

Eu vi num documentário fantááástico, sobre o início da nossa vida, que,ai, a natureza ela não dá ponto sem nó não minha gente. Ela não é besta não. Hoje a gente sabe que o cuidador principal do bebê ele também sofre, independente do gênero e laço sanguíneo, estímulos biológicos naturalmente desencadeados para facilitar esse cuidado. Incrível, né? Mas também tem outra coisa que pode reforçar esse sexismo no cuidado dos bebês: As próprias mães.

“Beninas”, é muito importante que vocês prestem atenção se vocês estão deixando esses pais paternarem. Não adianta você cobrar uma paternidade ativa se você se coloca no lugar de dona do saber cuidar, entende? A não ser que você queira só uma ajuda mesmo. Que você não queira que ele raciocine, que ele se responsabilize, planeje, coloque em prática. O que pode fazer muita diferença no futuro é a forma com que a gente cria nossos filhos hoje. Ano passado eu coloquei um videozinho do feed e eu vou falar sobre ele novamente porque faz muito sentido aqui. Eu tava conversando com meu marido e a gente chegou no raciocínio de que, enquanto pra mim o cuidado diário com Melissa facilmente se tornava lúdico, com cantorias no banho, aviãozinho no almoço, pra ele não tinha tanta diversão assim. Fazia com gosto, com atenção, mas era uma obrigação. E aí eu me toquei que eu tive a oportunidade, na infância, de brincar de cuidar. E ele não. Pegou? A gente precisa deixar os meninos brincarem de cuidar. De dar banho, de botar a boneca pra dormir, de dar comidinha. Vou além. De brincar de casinha, de limpar, de cozinhar. Gente, o gênero não tá ligado as atividades. Não existe ameaça alguma à masculinidade a criança recriar cenários que vê os adulto fazendo. Aliás, todas a brincadeiras infantis é basicamente isso. Bom, eu vou ficando por aqui. Talvez eu tenha que voltar em algum desses pontos em outro momento. Se você concorda me diz quais os pontos. A gente ainda tem mais dois vídeos voltados para as mulheres. Então até o próximo!

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