O que é ser mulher? Talvez a resposta certa fosse: “Quem quer que você seja.” Mas, infelizmente, essa não é, tradicionalmente, a resposta mais aceita.
Esse é o primeiro de quatro vídeos voltados para a vida e os papeis femininos nessa sociedade maluca que a gente vive. E pra começar, afinal de contas, o que que a gente realmente está comemorando no dia internacional da mulher?
Daqui a uns dois dias vai ser 8 de março e muita gente vai comemorar parabenizando as mulheres em volta, dando flores, chocolate, cartões com mensagens bonitas, agradecendo cuidados, reconhecendo sacrifícios, elogiando a beleza. Mas será que realmente isso condiz com o que deveria ser lembrado nessa data? Toda data comemorativa eu fico pensando: – O que será que aconteceu para ser necessário uma data para lembrar as pessoas sobre isso? Bom. Eu fui atrás. E essa comemoração começou nos EUA e na Europa em 1909 para, vejam só, marcar lutas feministas que buscavam melhores condições de vida, de trabalho e principalmente o direito ao voto.
Em 1917, na Rússia, as manifestações “caíram” (né, a comemoração caiu) exatamente num 8 de março. E as manifestações foram tão grandes que desencadearam uma revolução. E a partir daí a data ficou sendo essa mesma. Mas vejam só o que aconteceu gente. Com o passar do tempo, principalmente por questões políticas, a data, ela foi sendo moldada, saindo dessa questão das manifestações e indo mais sobre a celebração de uma representação feminina. E foi só em 1975 que a ONU martelou que essa seria a data pra comemorar internacionalmente.
Hoje, em torno de uns 100 países comemoram essa data. Outros ignoram completamente, infelizmente. Mas ainda com o objetivo de lembrar todas essas conquistas sociais, políticas e econômicas femininas.
Tá. Então no “geralzão”, assim, a gente não comemora a data como a proposta original. Beleza. Mas tem mais. Porque essa questão de flores, delicadeza, cuidado, é um estereótipo feminino. E nem todas se identificam com isso. Sabe o que parece? Tipo o Dia das Mães, que o presente é panela. Gente, o dia é das mães, não é da casa. Então dá um presente que seja pra essa mulher. E tudo bem se o que ela gosta é panela. Só se certifique disso. Mesma coisa, dia da mulher. Se pra ela, flores representa, encha essa mulher de flor. Mas que o presente, que o parabéns seja coeso com quem essa mulher é. Nenhuma mãe vai deixar de ser mãe porque não gosta de panela. Nem nenhuma mulher vai ser menos mulher por não se identificar como delicada. Talvez a gente precise sim, realmente, olhar pra essa data e de fato lembrar que é sobre todas essas lutas de tantas mulheres até aqui. Conquistas de coisas que hoje a gente acharia absurdo, tipo ter uma conta no banco sem a autorização do pai ou do marido.
Aí alguém fala: “Ah não. Mas então beleza. Agora tá tudo certo. Tá tudo igualzinho e…” Não. Não. Ainda tem muito sobre o ser mulher que a gente precisa olhar. De desigualdade salarial à forma como a gente julga como uma mulher deve ser e se comportar. Esse último me toca muito porque é o que mais aparece aqui no consultório. Mulheres que ficaram no lugar de cuidadoras da família por serem mulheres. Mulheres que não confiam nos homens porque foram criadas para temê-los. Mães completamente sobrecarregadas por acreditarem que a responsabilidade é sim mais dela do que do pai da criança. Mulheres hiper pressionadas porque não querem ter filhos ou casar. Mulheres que não conseguem enxergar o seu potencial profissional porque acham que precisam se apoiar em homens. Enfim.
Eu poderia passar muito tempo falando todos os exemplos que eu já vi. Então, esse mês, eu vou tentar trazer um pouquinho disso tudo aqui. Mulheres, olhem pra si, vejam tudo que vocês ja sonharam, tudo que vocês já ultrapassaram, que vocês já realizaram e se apropriem disso.
Feliz Dia Internacional da Mulher!